1 - Todos serão fundamentalmente hipócritas, pois o defeito principal das relações humanas e sociais é que alguns teimam em ser sinceros, e mesmo os muito hipócritas vez por outra tem lampejos - anti-sociais - de absoluta franqueza.
II - Ninguém dirá na frente dos outros senão as coisas mais lisonjeiras , buscando no interlocutor seu mínimo valor, sua qualidade essencial, por mais oculta e insignificante que seja. E, mesmo por trás, ninguém dirá nada de mal de ninguém, pois isso talvez chegue aos ouvidos da pessoa comentada e provoque ressentimentos pessoais que poderão ser transformados em motivos de discórdia grupais e, no futuro, módulo de impasse.
III - Todas as críticas literárias, teatrais, cinematográficas e políticas deverão ser sempre a favor, isto é, construtivas, quer dizer só escreverá alguma coisa o crítico que tiver gostado da peça, amado o filme, tarado pelo livro, ficado bestificado diante do decreto-lei. Todos os demais se calarão para todo o sempre.
IV - todos os votos serão indiretos, inclusive, e sobretudo, o voto de castidade.
V - A oração nacional será " Deus, nos dai hoje o pão nosso de cada dia que o diabo amassou".
VI - Toda contestação será feita a favor. E jamais serão tomadas decisões de caráter definitivo.
VII - O pensamento de Lincoln - reformado pelo autor deste modesto decálogo - será adotado oficialmente: "Pode-se enganar todas as pessoas algum tempo. Pode-se enganar algumas pessoas todo o tempo. E pode-se enganar todas as pessoas todo o tempo".
VIII - Todos os computadores do País aprenderão a dar respostas evasivas.
IX - O pois sim e o pois não serão estudados em profundidade em todas as escolas devido à estranha e louvável peculariedade de significarem exatamente o contrário do que dizem.
X - Millôr Fernandes – "falando francamente e restaurando a verdade".
ResponderExcluirSer sincero e verdadeiro então, pode ser perigoso.
É... "Quanto pior, melhor".
Beijo
Cirse